quarta-feira, 29 de julho de 2009

Acreditar

Mostrar o que olho, vejo, transpareço…
Transformar imaginar.
“Transpiro”… pela forma, pela cor,
Comunicar.

1 comentário:

  1. Alguém disse outro dia (a um grupo de mulheres): - Não permitam que vos limitem a criatividade!
    Revi algumas das tuas obras e apeteceu-me mostrar que arte, seja ela pintura, escultura ou mesmo literatura têm na mulher uma expressão muito particular. Nada melhor para traduzir esse sentimento indefinível que o poema de autor que, na sua escrita, não se dedicou particularmente à mulher, (há que o afirme misógino):

    Algumas Reflexões Sobre a Mulher

    Elas são as mães:
    rompem do inferno, furam a treva,
    arrastando
    os seus mantos na poeira das estrelas.

    Animais sonâmbulos,
    dormem nos rios, na raiz do pão.

    Na vulva sombria
    é onde fazem o lume:
    ali têm casa.

    Em segredo, escondem
    o latir lancinante dos seus cães.

    Nos olhos, o relâmpago
    negro do frio.

    Longamente bebem
    o silêncio
    nas próprias mãos.

    O olhar
    desafia as aves:
    o seu voo é mais fundo.

    Sobre si se debruçam
    a escutar
    os passos do crepúsculo.

    Despem-se ao espelho
    para entrarem
    nas águas da sombra.

    É quando dançam que todos os caminhos
    levam ao mar.

    São elas que fabricam o mel,
    o aroma do luar,
    o branco da rosa.

    Quando o galo canta,
    desprendem-se
    para serem orvalho.

    Eugénio de Andrade, Os Sulcos da Sede

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